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terça-feira, 14 de junho de 2011

Bullyng um problema social.

          O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Não tem nenhuma denominação em português para essas palavras, mas entende-se que bullyng é agressão, ameaça tirania, intimidação, humilhação, entre outras coisas desagradáveis. As situações de bullyng mais comum são entre alunos das escolas, mas ainda assim existem professores que utilizam dessa horrível prática, tirando sarro de alunos com brincadeiras e piadinhas.
          Desde o tempo em que eu trabalho no meio escolar, as cenas mais comuns de bullyng, são entre alunos que não tem limites e crianças que geralmente tem a aparência física diferente, alunos que tem problemas de peso, alunos evangélicos ou de crenças que utilizam de vestimentas diferentes das habituais e alunos que tem alguma disfunção genética.

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (ECA, Art. 3º, 1990) 

          Quando uma pessoa trata outra de maneira ultrajante, fazendo piadas, seja de uma deficiência física, mental, de uma cultura, raça, ou seja lá o que for, faz com essa a pessoa maltratada perca a moralidade e dificulta no crescimento social e intelectual. Infelizmente vivemos em um mundo em que a falta de bom senso e de respeito ao próximo não são coisas que prevalecem, e na escola o bullyng pode demorar a ser detectado devido à tolerância dos adultos em relação ao assunto. Muitas vezes acaba sendo considerado apenas que esses momentos de piadas e maus tratos são brincadeiras de crianças que não deve ser levado a sério.
          Essa dificuldade, no entanto, não deve ser usada como desculpa para a escola se eximir de responsabilidade. Em muitos casos que resultam em problemas maiores dentro das escolas, a principal causa da falta de resolução do problema é a omissão de professores e gestores em relação ao assunto.
Para evitar que o bullyng venha a acontecer é necessário que a escola tome providencias antecipadamente, diagnosticando o problema, e não apenas “tampar o sol com a peneira”, ou seja, fechar os olhos para a realidade por medo de se envolver com um assunto tão delicado. A questão deve ser vista como parte de um trabalho contínuo de construção de valores. Não adianta, por exemplo, falar sobre bullying se os próprios professores ridicularizam ou humilham alunos em classe.
          É interessante abordar o tem nas matérias, no currículo da escola. Discutir e dialogar com os alunos são uma forma de trabalhar os direitos e deveres de cada um. . Questionar os estudantes sobre os critérios que adotam para valorizar ou desprezar um colega, por exemplo, é uma boa estratégia. Com isso, é possível levá-los a refletir sobre as conseqüências de humilhar alguém para ser aceito pelo grupo. Colocações como essas devem fazer parte das conversas com os alunos antes mesmo de o bullying se manifestar.
          Além da escola, é importante que a sociedade reconheça que o bullyng não acontece somente dentro da escola, ele pode até começar na escola, mas atinge a pessoa em sua vida social. Dialogar com os pais é um bom começo, transmitir informações de que o bullyng é um assunto sério e merece destaque. Escola e família devem buscar junta, uma solução.
          A terceira etapa do trabalho é o diálogo com os alunos. Grupos de apoio, filmes, debates, discussões sobre o que caracteriza o bullying e as conseqüências dele são boas maneiras de abordar o tema com a classe. Nesses momentos, vale propor atividades em que os estudantes se coloquem no papel tanto do agressor quanto da vítima e do expectador e mostrem como se sentem.
          A escola não pode julgar o aluno, vale discutir a importância do bom relacionamento e as conseqüências de atos de bullyng, reagir ao bullying é um passo importante no combate ao problema. Indignar-se e reagir são ações fundamentais para que o aluno aprenda a lidar com os medos e consiga se impor. Isso não quer dizer, é claro, que a escola deve incitar a violência. Há outras maneiras de o aluno se colocar e dizer não às agressões sem ter que usar a força.
          Por fim, é necessário mostrar aos alunos a gravidade do problema e levá-los a pensar sobre a conseqüência de “brincadeiras” e humilhações que se repetem na dia a dia escolar. Cabe ao professor refletir com os alunos sobre a história não para justificar o que foi feito, mas para fazer com que a turma entenda que o bullying leva a atitudes extremas e precisa ser levado a sério. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
          Além de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.
          Não há pais ou professores que não abram um sorriso de satisfação ao receber um elogio sobre a boa educação dos filhos ou dos alunos. A sensação de dever cumprido despertada nessas ocasiões é fácil de entender. Afinal, pelo senso comum, são eles os grandes responsáveis por garantir que crianças e adolescentes tenham uma vida social saudável e colaborem para a harmonia dos grupos dos quais fazem parte. De fato, pais e mestres são figuras centrais no desenvolvimento moral, ou seja, no julgamento que a criança tem sobre o que é certo ou errado. Mas, na prática, o verdadeiro protagonista desse amadurecimento é ela própria, que constrói desde cedo um conjunto de valores pessoais. E, mais importante ainda: é ela quem também toma decisões frente aos dilemas morais que encontra no dia a dia. 

REFERÊNCIAS

GURGEL, Thais. As crianças diante dos dilemas morais. Acesso em 02 de Abril de 2011. Disponível em: www.revistaescola.abril.br



ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente. Artigos e Leis. Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990.